Carlos Carneiro 1900-1971 Pintor |
Carlos Carneiro nasceu no Porto a 20 de Setembro de 1900 no seio de uma influente família de artistas. Era filho do pintor António Carneiro (1872-1930) e de Rosa Carneiro, irmão de Cláudio (1895-1963), futuro compositor, e de Maria Josefina (1898-1925).
Muito cedo mostrou aptidão para o desenho e para a ilustração. Em criança, criava caricaturas, tipos desportistas e copiava obras de outros artistas. Nos primeiros anos da década de 1910 esboçou a revista "O Echo", com respetivo arranjo gráfico, concebeu desenhos históricos, inventou um jornal intitulado "O Bexigueiro" e recebeu um prémio de ilustração de "O Século".
Por esses anos começou a visitar Paris com regularidade, hábito que manteve ao longo da vida, e do qual ficaram registos nos seus blocos de apontamentos.
Frequentou a Escola de Belas Artes do Porto, onde foi discípulo de seu pai e de Marques de Oliveira e foi colega, entre outros, de Eduardo Malta (1900-1967) e de Henrique Medina (1901-1988).
Expôs pela primeira vez de forma coletiva em 1919, no Salon dos "Humoristas", com artistas de renome como Almada Negreiros, Jorge Barradas e Eduardo Viana, e estreou-se individualmente em 1924, no Porto.
Em 1925 assistiu à inauguração da Casa-oficina António Carneiro, um espaço de habitação e de exposição dotado de dois ateliers, um para o pai e outro para si, que também acolhia uma tertúlia da geração da "Renascença Portuguesa". Vinte e quatro anos após a morte do mestre António Carneiro, o edifício foi dividido entre ele e o irmão. Em 1958, a Câmara comprou o seu Salão de Exposição e respetivo recheio e, em 1966, adquiriu as restantes dependências, tendo em vista a instalação de um espaço museológico para exposição das coleções dos pintores António e Carlos Carneiro e de recordações familiares, o qual foi inaugurado em 1973. Em 1991, o Museu foi enriquecido com a doação do espólio dos dois artistas plásticos, oferta de Nuno Carneiro, e remodelado a partir do final dos anos 90. Em 2003, o Museu foi integrado na Rede Portuguesa de Museus.
Homem culto e viajado, Carlos Carneiro procurou conhecer a pintura de muitos artistas internacionais e, ao mesmo tempo, criar uma arte independente, que conciliou com outras atividades, como a crónica jornalística e a crítica de arte.
Nunca teve um emprego de horário rígido e não se deixou seduzir pelo ensino. Teve uma vida social intensa, na qual não faltaram amigos, como o escultor Barata Feyo e os poetas Teixeira de Pascoaes, Pedro Homem de Melo e Eugénio de Andrade. Gostava viajar, de concursos hípicos, de desportos de Inverno e de ler.
Carlos Carneiro faleceu no Porto a 11 de Outubro de 1971, vítima de uma síncope cardíaca, e foi sepultado no Cemitério de Agramonte.
A sua obra modernista integra coleções privadas nacionais e estrangeiras (Vigo, Londres, Manchester, Paris, Berlim, Munique, Antuérpia, Chamonix, Genebra, La Lenk, S. Jean de Luz, Dunquerque, Cleveland, etc.) e está representada no Museu do Chiado, em Lisboa, no Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, no Museu Machado de Castro, em Coimbra, no Museu Malhoa, nas Caldas da Rainha, no Museu Grão Vasco, em Viseu, no Museu Alberto Sampaio, em Guimarães, no Museu Municipal Amadeo de Souza Cardoso, em Amarante, na Câmara Municipal de Matosinhos, e no Museu des Beaux Arts de Mulhouse.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2009)